
Mês passado o canal da Vox postou um vídeo sobre a evolução dos filmes da Lego, mostrando como filmes de fãs foram responsáveis por moldar o visual e as decisões criativas que fizeram do The Lego Movie, de 2014, sucesso de público e crítica.
Nas palavras do designer de produção Grant Freckelton, o filme de 2014 é 99% computação gráfica, mas respeitando as regras do stop motion ao emular o estilo do stop motion. Porque eles resolveram obedecer as leis que regem a fisicalidade de uma peça de lego.
Os filmes que precederam The Lego Movie sofriam de uma indecisão existencial. A animação não sabia se obedecia às limitações físicas da peça ou se abarcava os movimentos de algum material emborrachado e, ao misturar elementos desses dois extremos do espectro, resultava em algo que não existia nem lá, nem cá. Era puro uncanny valley de plástico.
Ao estabelecer limites rígidos para a animação de 2014, as decisões criativas resultantes possuíam uma vitalidade ímpar.
Receosos de firmar limites narrativos e tomar decisões estéticas duras, muitos autores escrevem histórias que também não estão nem lá, nem cá e constroem personagens que mal sabem quem são, o que querem ou para onde estão indo. Pode parecer contra-intuitivo, mas a imaginação floresce a partir dos limites que lhe são impostos. E do ato decisivo, do trabalho que cresce iteração após iteração. Porque não adianta ficar imaginando mil possibilidades na cabeça. É preciso realizar a escrita e descobrir-se no processo, na poda de ramificações.
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